Caminho de Santiago

Jul 2, 2020

Entre 22 e 26 de fevereiro, um grupo de professores e alunos do secundário percorreu a última etapa do Caminho Francês: no fim de tarde do dia 21, chegámos a Sarria, de onde partimos bem cedo na manhã do dia seguinte, rumo a Portomarín; Palas de Rei, Arzúa, Arca… e, no fim da manhã do dia 26, chegámos a Santiago. No dia seguinte, depois da Missa do Peregrino e do almoço, regressámos ao Porto.
O Colégio Luso-Francês percorre o Caminho de Santiago desde 2002: organizámos quase quarenta peregrinações, nas quais participaram mais de cinco mil alunos.
Durante estes anos, procurámos responder ao desafio profundo que sobreleva nas palavras de José Tolentino Mendonça:

“Quanto eu gosto de ver no chão das catedrais [Chartres] ou nas traves da nave principal [Lucca] um labirinto gravado! Houve um tempo em que os homens sabiam que a imagem do caminho é a figura da própria existência. Mas no tempo das vias de comunicação globais e das altíssimas velocidades, perdemos o saber das viagens profundas.
Todos os labirintos começam e terminam no coração do homem, mas este tem vastidões que ignoramos, desertos que só pressentimos, silêncios maiores que todo o silêncio, aberturas para muito longe. Raramente nos dispomos a percorrer semelhante paisagem. Os seus caminhos são duros, de uma esperança estreita e áspera, mas também purificadora. Reconduzem o coração, escravo de tantas dispersões, à utopia de um centro. Permitem refundar a vida. Morte e renascimento; cruz e ressurreição; inverno e primavera.
Peregrinar é aceitar percorrer nas estradas de hoje o antiquíssimo labirinto penitencial que as catedrais tinham gravado: redescobrir pelo apagamento a verdade do que se é; experimentar na pobreza o sentido do que se possui; reinventar na errância o endereço das construções sedentárias que nos motivam; medir no eterno a direcção do provisório”.